Neste texto faremos uma breve síntese acerca dos principais motivadores que tem resultado no incremento bastante significativo das operações de M&A (fusões e aquisições) envolvendo ativos do setor de varejo, tais como lojas, fundo de comércio, estabelecimentos comerciais e redes de supermercado.
Percebemos que tem ocorrido um movimento de consolidação do setor varejista, por meio do qual pequenos e médios grupos varejistas vêm fundindo suas operações com outros grupos e/ou sendo adquiridos por compradores estratégicos (em geral outras redes maiores de supermercado).
Entendemos que tal consolidação é, em parte, uma consequência natural de um setor que se profissionalizou significativamente, porém, de outro lado, deve-se à crise econômica dos últimos anos.
Quando analisamos o primeiro aspecto – profissionalização do setor – é possível identificar alguns principais fatores que resultaram na consolidação supra referida, a saber:
- diminuição brutal da informalidade do setor;
- profissionalização do empresário do varejo, o qual se viu obrigado a aprimorar técnicas de boa gestão e aprimoramento da governança corporativa em um ambiente cada vez mais competitivo;
- condições favoráveis para a elaboração de demonstrações financeiras confiáveis e auditáveis, consequência direta da diminuição da informalidade e profissionalização do empresário do varejo. Hoje, os empresários do varejo passaram a enxergar com bastante clareza que a contabilidade é investimento (e não custo) e, ainda, uma importante ferramenta para a tomada de decisões pontuais e estratégicas no dia a dia da vida empresarial;
- menor disponibilidade de pontos comerciais bem localizados para a abertura de novas lojas de supermercado;
- ganhos de economia de escala;
- crescimento inorgânico (via fusões e aquisições de lojas com faturamento e já em funcionamento) em contraposição ao crescimento orgânico (abertura de novas lojas);
- e, em muitos casos, ausência de sucessores naturais (em geral, filhos dos fundadores) que queiram dar continuidade ao negócio iniciado pelos avós ou pais. É cada vez mais comum nos depararmos com empresários do varejo que pretendem vender o seu negócio porque os filhos não tem (ou terão) interesse e dar continuidade ao legado dos pais.
Particularmente, nos últimos anos, somaram-se a essa lista, alguns outros fatores negativos que certamente também influenciaram diretamente na consolidação do setor varejista de alimentos – o principal deles foi o endividamento de longo prazo – analisamos inúmeros casos de redes tradicionais do varejo que, antes da crise econômica que vivenciamos recentemente, expandiram bastante suas operações via endividamento bancário (acreditando nos ganhos de economia de escala) porém devido ao agravamento da crise e retração da economia, não conseguiram fazer frente aos juros dos financiamentos e se viram obrigados a se desfazerem de suas lojas total ou parcialmente.
Pelos motivos acima, e somando-se a expectativa real de melhora da economia, continuamos acreditando que o processo de consolidação do setor de varejo supermercadista continuará muito forte nos próximos anos, situação esta que certamente irá gerar boas oportunidades tanto para vendedores quanto para compradores.
Por Leonardo Tonelo Gonçalves – Sócio